segunda-feira, abril 24

E as Rádios?


"O que tem feito a sua rádio por si?"

Estava a ouvir a Prova Oral na Antena 3, quando alguém (convidado) colocou esta questão.



As rádios continuamente repetem frases como "uma rádio feita a seu gosto", "a melhor música" ou mesmo "A sua rádio"

Mas afinal, a rádio é pensada para quem? Para que público?

Com toda a certeza, a selecção musical não é "de", nem "para" quem faz rádio . Esses usualmente, mais do que todos, estão fartos de ouvir a mesma música que a playlist lhes impõe dia após dia.
O gozo de fazer rádio, de criar o seu estilo, fazer a sua selecção, só acontece nos programas de autor. Estes são poucos e só existem fora-de-horas, diga-se pós 20:00.

Será feita então para que público?
Presumo que será feita para dois tipos de público.
- Aquele que ouve muito pouco rádio e/ou música (logo, qualquer coisa serve)
- Aquele público que gosta continuamente de ouvir a mesma música.

A meu ver, as ditas "playlists" são apenas um instrumento ao serviço das editoras/distribuidoras.
Praticamente todas as rádios usam estas ditas playlists. "Presumivelmente" isto deve funcionar como forma de patrocínio sigiloso. Em troca, as rádios são obrigadas a tocar o que as editoras querem.
Infelizmente, há uma percentagem de pessoas, ou que ouve pouco música, e então para essas, qualquer coisa serve, e há aqueles que vão na onda do que "está a dar"
Assim, a ideia de que "tal música está no Top", a ideia que "toda a gente gosta disto", incrementa as vendas deste produto.
Ao mesmo tempo, como já referido, os Tops não existem. Baseiam-se simplesmente no número de cópias produzidas.

Isto é uma realidade, é uma forma de markting, que funciona também com qualquer detergente lava-loiça ou marca de carros.

Usando esta ferramenta psicológica simples, consegue-se vender o produto que a editora quer, de preferência que seja de baixo custo (novos artistas ou pouco exigentes), ou então simplesmente porque há excesso de stock.

Por vezes este processo falha redondamente. Relembro que grande parte das Girls-Bands que por aí andaram, em elevadas posições dos Tops nacionais, resultaram num autêntico prejuízo, tendo sido o número de cópias vendidas de tal modo baixo.

As editoras que promovem a música, em muitos casos, tentam vende-la através também de outros mecanismos extra que não a sua qualidade.
Reparem que grande parte dos ditos "artistas" têm de ser bonitos/as, magrinhos/as ou musculados, têm de ter coreografias "giras" fáceis para qualquer um imitar, dançarinas de mini-saia ou vestidos decotados e justos, posar de forma sexy, etc etc etc...

E a música em si?
Foi deixada para segundo plano. Não interessa, não conta!

E quanto aos amantes da música? Os que procuram música diferente e diversificada? Onde está a nossa rádio? A rádio feita para nós?

Se alguém conhecer diga-me.

Praticamente todas as rádios nacionais, passam de modo geral, música POP. Só POP!
Depois temos algumas variações... um pouco puxado ao rock, um pouco puxado aos anos 80, o pop puro... mas não passa disso!

Será que alguém acredita de facto que cá em Portugal é o único género musical que se ouve?

No panorama nacional, temos muito poucas excepções. E usualmente referem-se a programas 'fora-de-horas'.
Mas falaremos destas excepções num próximo post (deixem sugestões de rádios e programas, já agora).

Só para terminar, continuo a dizer, que as rádios, que deveriam ser o principal veículo de divulgação músical, não o são de momento.
Resulta disto que o incentivo aos ilegais downloads de mp3 sejam uma constante... pelo menos nesta óptica da procura de música nova.

E se houver, por exemplo, 20 000 downloads de mp3 por semana (número muito inferior á realidade)... e, vamos supor, que 10% são de música alternativa ao POP (supondo que 90% dos utilizadores só gostam do tal POP)... vejam só... afinal há um mercado para uma música diferente.

6 Comments:

At 26 abril, 2006 12:07, Blogger MTOCAS said...

felizmente que em portugal existe muita gente a a ouvir sem ser o POP e sem ser o que nos dão a escutar nas radios... e a prova está mesmo nos concertos alterantivos que se fazem em famalicão em santa maria da feira, etc...

 
At 02 maio, 2006 17:39, Blogger CARMO said...

Excelente post. Resume a totalidade dos problemas que giram actualmente à volta do mundo da música... as rádio só se esquecem que estão cada vez mais sós... são cada vez mais ouvidas só e só por aqueles que não apreciam música (o rádio serve-lhes para quebrar o silêncio, quer no carro quer no emprego). Só que estes não compram música...
O melhor exemplo dessas rádios é a a RFM, que tem vindo a ter quebras de audència grandes (há outras rádios mais versáteis e menos monocordicas). A Comercial contratou o Pedro Tojal para director, mas rapidamente mudou de ideias (e rua com o gajo. Bem feito!!!).
É que hoje em dia, cada vez há mais alternativas para ouvir música (hi-pod, internet, mp3, etc.); portanto, não há que gramar com publicidade chata, as mesmas notícias todas as horas e 500 músicas entediantes, para se conseguir ouvir uma coisa ou outra com mais interesse.
É assim amigos, a mama vai acabar!

 
At 09 maio, 2006 11:09, Blogger extravaganza said...

Bom post sobre rádio. Deixei completamente de ouvir seja o que for. Bem talvez um pouco de Antena 3 mais para a noite, o Calado e tal, mas de resto... :S
A minha sugestão para algo um diferente, com programas de autor muito interessantes:
Radar 97,8 em Lisboa ou "on line" http://www.radarlisboa.fm/
cheers :)

 
At 09 agosto, 2006 18:01, Anonymous Anónimo said...

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At 10 agosto, 2006 23:44, Anonymous Anónimo said...

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