Estância de Ski da Serra da Estrela
- O Paraíso.... Perdido!!!
No passado sábado, fui esquiar à Serra da Estrela!
Fizemos uma viagem calma e sem pressas, apreciando a bela paisagem que esta zona nos proporciona.
À medida que nos aproximamos do topo, a confusão começou.
As pequenas estradas, com carros parados nas bermas, onde crianças e adultos se deliciam na brincadeira com a neve, impedem que veículos pesados de passageiros circulem, pois as estradas são muito estreitas.
Há tantos e tantos anos que estas situações se repetem, e nada se fez. Nem pequenas zonas de parque para que os automobilistas estacionem, não impedindo a passagem de outros, nem alargamentos de estradas... nada!!!
Passado este obstáculo, chegamos a uma fila compacta de trânsito. Sem um único lugar para estacionar o carro, lá seguimos naquele comboio, passando a estância. Fui ainda surpreendido por um fulano vestido de preto, com gorro preto também, ao qual eu pensei que fosse algum tipo de 'arrumador', que veio falar comigo dizendo que eu não podia estar a falar ao telemóvel enquanto conduzia. Só aí reparei numas pequenas letras que diziam GNR. Mas... estava a falar ao telemóvel porque o trânsito estava completamente parado... e argumentei que era só para 'encontrar os meu colegas que já haviam chegado'. Lá me deixou seguir... e lá continuei eu à procura de lugar para parar, para ir esquiar com algumas centenas de 'colegas' esquiadores que por ali andavam.
Entretanto, com os acessos à torre cortados pela GNR, voltamos para traz em fila compacta...
Acabei por parar o carro em segunda fila, vesti-me e peguei nos ski's tendo a minha esposa e um casal amigo seguido viagem. Senão, não sei como iria ser... não havia espaço nem para mais uma formiga estacionar.
E aqui começa o verdadeiro "filme".
Já não vinha a esta estância há pelo menos 4 anos.
Encontro um edifício novo, com um sinal que dizia "Entrada". Pensei "é aqui que compro o forfait de acesso aos meios mecânicos.
Mal entro, com um grupo também recém chegado, vem logo um sujeito da organização a falar bem alto para nós "JÁ NÃO HÁ MATERIAL PARA ALUGAR... JÁ NÃO HÁ, JÁ ACABOU".
Éramos só cinco pessoas, não éramos surdos e todos tínhamos o nosso próprio material.
Daí todos perguntamos... "e forfaits, ainda há?".... Isso era afinal "lá fora".
Chegado ao guichet dos forfaits, apanho com uma jovem a atender-me extremamente atenciosa que me pergunta - "QUÉ QUE QUERE?"
Ouvia-se muito mal o que dizem de lá de dentro, mas nem queria acreditar que aquelas tinham sido as primeiras palavras da sujeita. De seguida pergunto se aceitam Multibanco para pagamento... "QUÊ???" Mais uma vez, a difícil comunicação... Lá me fez o favor de aceitar o cartão, de forma a que eu lá fosse esquiar. Ainda antes, uma rápida passagem pelos WC, pequenos, sujos e mal cheirosos, à boa maneira portuguesa.
Fui então esquiar.
Após longo tempo sem esquiar, cheio de saudades e ansiedade, finalmente com os esquis nos pés a descer a pista e........... parou!!!
As filas dos teleski's eram grandes e lentas visto só transportarem uma pessoa de cada vez.
A fila para as únicas telecadeiras era enorme!
Daí que eles desligaram o mecanismo de validação dos forfaits. Desta forma, a bandalheira e desorganização da fila de espera era grande também, pois não predelimitaram o espaço para a fila.
Mais ainda... muitos principiantes. Todos os que andaram nisto, sabem que os iniciantes têm uma enorme dificuldade de apanhar as telecadeiras, assim como sair das mesmas.
Mas os indivíduos que controlam, estavam lá apenas para parar a circulação das telecadeiras, caso alguém caísse! Não eram capazes de ajudar quem era nitidamente iniciante, evitar que iniciantes fossem em cadeiras muito cheias, organizar as filas com os 'snowboarders' pois, estes com um pé desapertado da prancha têm muito mais dificuldades nestas manobras apertadas, etc. Vi um principiante que caiu a tentar apanhar a telecadeira, 3 vezes seguidas... Os indivíduos da estância foram incapazes de lhe dar uma ajuda, e só há quarta tentativa é que lhe deram uma pequena ajuda, além de o terem gozado, é claro.
Após apanhar as telecadeiras depara-se com uma longa viagem. Não só por causa das sucessivas e longas paragens do meio mecânico, devido às tais quedas dos principiantes e sucessiva não-ajuda/desorganização dos trabalhadores da estância, mas também porque já por si, o meio mecânico é de velocidade simples, lenta e a distância de transporte ainda é grande. Aliás, como pude verificar, até os teleskis são mais rápidos do que as telecadeiras, o que é estranho - comparável porque existem teleskis paralelamente às telecadeiras.
Obviamente, era necessário aqui a implementação de meios mecânicos com velocidade dupla, para proporcionar a rápida chegada ao topo. Para quem não conhece, falo de telecadeiras que são muito lentas na entrada e saída de pessoas, e após o arranque, saltam para outro veio de velocidade muito rápida.
Finalmente no topo. Vamos começar a esquiar? Depende.... analisemos o mapa.
(clique aqui para aumentar em nova janela)
Após sair das telecadeiras, iniciamos uma suave descida na zona A que assinalei no mapa.
Assim, se quiserem esquiar pelo circuito mais longo, e mais apropriado para iniciantes pelo lado esquerdo do mapa, vão apanhar a zona B. Esta zona B é uma subida ainda acentuada. Por mais velocidade que tentem apanhar na zona A, não vão conseguir subir a Zona B sem andar a REMAR. Se é mau para os esquiadores como eu, para os desgraçados do snowboard e ainda pior!
Bastava, um meio mecânico de "corda", ou a devida preparação desta zona antes da época de Inverno para resolver isto.
Para evitar a fila das telecadeiras, apanhei ainda o teleski mais próximo destas. Acontece que este teleski não nos leva ao topo, deixando-nos na área que assinalo com um "C". Ou remamos, até ao topo, ou só temos a hipótese de descer. Daí que as telecadeiras seja o único meio de transporte ao topo viável. Daí que as telecadeiras tenham sempre filas abismais.
Assinalei ainda no mapa com vários "X", duas pistas que nunca estão em funcionamento. Ao que consegui me aperceber, fiquei com a sensação que a pista negra, que não se encontra em funcionamento, nem sequer tinha sido limpa e preparada para a temporada de Inverno. Toda aquela zona, não estava nem limpa de rochas, nem propriamente alisada para o efeito.
Começando realmente a esquiar, a chegada à base, esquiando lentamente, é feita em pouquíssimo tempo.
Além disso, as pistas estão praticamente livres. Não há congestionamento durante as descidas, mesmo com tanta gente por lá como estava no passado sábado.
Assim, passamos a maior parte do tempo em filas para as telecadeiras e nas próprias telecadeiras.
Para aqueles com um bocadinho de experiência nestas coisas, a única pista com mais piada é a vermelha junto às telecadeiras. Mas em apenas um minuto, ou menos, voltamos às filas das telecadeiras, que são o único meio para sairmos dali!
Visto estar a esquiar sozinho, acabei por conhecer um simpático snowboarder da zona de Lisboa, que me fez companhia na última hora, e com quem muito tempo tive para conversar durante estas esperas e viagens de telecadeiras.
Ao despedir-me dele mais um pormenor interessante!
"Não vais devolver o Forfait???" Na minha ingenuidade, perguntei "Para quê?"
Pois é... a simpática senhora que me vendeu o passe no início, não me referiu nada sobre devolver o forfait no final, para me devolverem 5 Euros!
Para terminar...
É inadmissível, este tipo de organização da estância, planeamento, desenho, etc.
O bar fecha às 16:30 tal como toda a estância. Tendo as pessoas que percorrer 20kms caso queiram beber o comer algo depois de um longo dia de ski.
Com áreas para a estância crescer, não se percebe porque é que continua apenas com este tamanho e ainda por cima mal aproveitado, visto que duas pistas nunca estão em funcionamento.
Diz-se que os ambientalistas não querem deixar a estância crescer.... Então vamos optar.
Ou temos uma estância para providenciar boa qualidade de serviço e crescer até onde os recursos naturais a deixarem, ou então vamos fechar a estância de vez por de alguma maneira ser má para os ambientalistas. Temos é de optar... este meio termo não leva a nada.
Assim como as vias de acesso.
Quem ficar a dormir por lá, e se nevar durante a noite, o mais certo é de manhã não conseguir aceder à estância, porque as vias estão cortadas.
A falta de parques, transportes da própria estância, locais para os esquidores deixarem objectos, mesmo hotéis que permitissem entrar e sair das pistas a esquiar, como em muitas outras estâncias espanholas, são apenas mínimos que se deveriam cumprir. Actualmente, quem lá ficar terá de percorrer todos os dias 40kms.
Por fim, analisando e comparando com qualquer estância espanhola, a Serra da Estrela é muito cara, quer a nível do que se paga pelos forfaits, quer a nível do que se paga pelas estadias.
Depois de quatro anos, fecharam a estância "durante um Inverno" para fazer obras, tentaram melhorar a estância, e o resultado, sinceramente, em muitos aspectos é que a estância está pior do que antigamente. Principalmente, calcularam de uma forma totalmente errada o número possível de clientes que poderiam ter.
Só mais uma anotação também relativa ao site, que contém pouca informação sobre a estância em si e condições diversas actualizadas devidamente.
3 Comments:
Tudo o que dizes e bem mais coisas, dei-me ao trabalho de escrever numa carta dirigida à Administração depois de lá ter estado pela 1.ª vez a seguir às obras de transformação. Nada mudou e o esforço de mudar é tão pouco comparado com o que já foi feito...
Os portugueses são assim... queixam-se que não tem estruturas capazes nem clientes... quando as têm e os cliente são mais que muitos, desatam a trata-los mal porque a carteira cheia está garantida!
Enfim... ainda queremos nós receber turismo estrangeiro...
custumo frequentar pistas de ski no estrangeiro, so fui uma vez a da serra da estrela e apesar da pista ser uma pequena amostra do que e uma estancia de ski, tambem nao consegui encontrar qualquer semelhança de apoios a estancia e condiçoes com o que estou habituado... nao voltarei la para praticar desportos de neve nem mesmo para apreciar a paisagem existe qualqueres condiçoes...enquanto nao ocorrerem mudanças radicais a nivel de infra estruturas, hoteis com capacidades e qualidades significativa, bons acessos, estradas mais seguras e frequentemente tratadas, com limpeza de neve activa ( é um percurso tao pequeno, choca com o decorrer de tanto tempo nao existir melhoramentos de estrada e maquinas e pessoal em numero suficiente e tecnologicamente eficientes para limpar a neve) planeamento do territorio, etc... a desculpa dos ambientalistas e completamente ridicula, existem mil e uma maneiras de se fazer intervenções sem prejudicar o meio ambiente...basta por uma equipa de projecto que integre especialistas desse tipo... Mesmo que a pista não fosse muito alargada ao menos que houvesse outras ofertas que compensa-se e surpresas que a distingui-se e pode-se atrair visitantes... sinceramente não sei o que os representantes desta regiao andam a fazer, uma zona com um potencial enorme, unica em portugal, para gerar uma fonte de riqueza imensa... Ao que estamos habituados no nosso pais, o estado nunca fara nada, basta nos esperar que façam um acordo com uma empresa privada como custume, para explorar a zona e alguma coisa boa ser feita.
O artpost enviou aqui um excelente comentário :D
Só que... esqueceu-se de uma coisa... essa iniciativa privada já cá veio e já tentou fazer da serra da estrela em "algo viável", pelos visto até como projectista de bakera-beret!!! MAS... a guerra das autarquias, discussões portuguesas do costume, e cada uma a querer puxar para o seu lado a entrada principal, e mais as tais porcarias dos ambientalistas que às vezes se cai num extremismo puro que não leva a lado nenhu.......... foi o que aconteceu! Foram-se embora e toda a gente ficou a perder!
E o paraíso fica, de facto, perdido!
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