quarta-feira, maio 3

Farmácias & Receitas!


Vou interromper um pouco as discussões anteriores sobre música (já lá voltaremos) para vos contar um episódio caricato, que a qualquer um pode acontecer, sobre as nossas farmácias.

Todos nós sabemos, que no fundo, cada farmácia faz o que quer.
Quantas vezes precisamos nós de um medicamento, que o adquirimos livremente, tendo a típica inscrição que este só pode ser vendido sob receita médica.

Já me aconteceu o inverso também, querer comprar o medicamento tão habitual, e sou surpreendido que este não pode ser vendido sem receita médica.

Passando agora à recente situação de domingo passado, o meu filho mais novo, de 6 meses, estava já há mais de 3 dias com febres.
O típico benuron e brufene a ser-lhe administrado, perfeitamente habitual nestas situações, e quem tem ou já teve crianças em casa sabe perfeitamente do que falo. Mesmo assim, a coisa não corria muito bem! No domingo à noite a coisa piorou, as febres subiram ainda mais, e ele chorava bastante.

Cerca das 23 horas, volto a chatear o coitado do pediatra, que já me atende com voz de sono, mas com toda a paciência me faz perguntas e novo diagnóstico.
Não havendo qualquer outro sintoma, para além da febre e já de um início de otite detectada (usual em febres mais longas) recomenda os procedimentos habituais (banho/toalhas frescas na testa para baixar a febre) e urgentemente a compra de um antibiótico que me receitou por telefone.
E como o comprar? Não tinha a dita "receita"! Resposta "tente a todo custo... explique ao farmacêutico a situação".

Assim, após os cuidados primários, saí em direcção à farmácia de serviço (Castro em Gondomar).

Em primeiro lugar, a farmácia parecia fechada e ainda não era meia noite.
Somos todos os dias confrontado com farmácias bem iluminadas, reclames luminosos a piscar e com luzinhas e verificamos depois que a farmácia se encontra fechada.
Neste caso o inverso se passava. Pensei que me tinha enganado ou que o teletexto da TV estivesse errado... mas não.
Apesar do aspecto sombrio, o atendimento fazia-se já por um intercomunicador, situado mais atrás.

Assim, comecei por explicar toda a situação. Necessitava daquele antibiótico urgentemente.
Fui atendido friamente, com uma pessoa totalmente desinteressada na minha situação.
Deixem-me já agora referir que não é normal ou vulgar tal acontecer em farmácias... daí a minha surpresa.

Apenas obtinha a resposta que não me vendia o pretendido.
Apresentei diversas soluções, sob venda suspensa, deixando o meu BI ou qualquer outro documento, e apresentando a receita no próximo dia útil. Nada resultou.

Depois, a partir de certo momento, queria que eu lhe fornecesse o número de telemóvel do pediatra para que ele se "responsabilizasse"!!!!
Responsabilizasse? Ia esta senhora telefonar a uma pessoa que não conhece, sob um número de telefone que não conhece, e essa pessoa (que podia ser um qualquer) se lhe dissesse que podia vender o medicamento já mo venderia???
Mas... já era quase meia noite... com que direito iria eu facultar o número de telemóvel de uma pessoa sem o seu consentimento?
E ainda por cima àquelas horas?
Eu decerto não gostaria que andassem por aí a dar o número do meu telemóvel a qualquer um sem meu consentimento.
Sob a questão das horas, esta gozou, que após ter falado com o médico ao telemóvel, deveria ter vindo imediatamente à farmácia, e assim já não era tão tarde para lhe telefonar. Aqui fiquei revoltado...
Por isto tudo, recusei-me a fornecer o número de telemóvel do pediatra. Não tinha nexo nem era justa a situação.


Por fim perguntei-lhe apenas por uma solução para o caso.
"Sei lá... olhe, leve-o ao hospital"
Várias questões se levantam com este tipo de resposta:
- Por acaso tenho viatura própria... e se não tivesse?
- Vou para um hospital? Para uma fila de espera? Com uma criança de 6 meses com 39.5 de febre? Onde outros riscos de contaminações estão inerentes?
- Podia também chamar um médico à residência... e pagar 100 euros de consulta.
Mas no final ia obter uma resposta que já sabia. A criança tinha sido já diagnosticada, e necessitava de um antibiótico!

Assim, dali segui para outra farmácia no Porto agora, onde imediatamente compreenderam a situação e me venderam o dito antibiótico sem qualquer problema.

Todos compreendemos que na venda de medicamentos há cuidados que se devem ter. Existem regras!
Especialmente em medicamentos que são perigosos, com podem ser usados como "drogas", entre outras situações.

Mas... existem também situações de urgências! Medicamentos que têm de ser vendidos na hora e não houve tempo ou disponibilidade para obter a dita receita.
Não é um pai qualquer que se vai aventurar em comprar um antibiótico qualquer!
"Responsabilidade"? Eu responsabilizo-me! É meu filho! Assino qualquer papel, entrego qualquer documento identificativo ou sinal monetário para obter a medicação quando necessitar dela!

Uma carta com texto similar, foi entregue à Associação Nacional de Farmácias (www.anf.pt).
Sou defensor que devemos informar as entidades competentes!
"Reclamar para o ar ou para a menina que está ao balcão" não serve de nada.

Se entretanto obtiver resposta, deixo-vos a conhecer o seu conteúdo.

Entretanto acho que também o conceito de receita electrónica já podia estar há muito implementado! Mas cá em Portugal, ou se acorda tarde ou é tudo "muito complicado".

O médico em casa ou no trabalho cria uma receita on-line, que até pode ser "recorrente", ou com datas limite, ou número de embalagens limitadas, etc.
Acabar-se-iam também com as receitas de medicamentos que já não estão disponíveis nas farmácias...
O utente por sua vez, sem papeis, chega a qualquer farmácia e através de um BI (por exemplo) o farmacêutico obtém de uma listagem de receitas pendentes para levantamento.
Mesmo os utentes mais idosos, não têm de saber sequer usar a Internet, visto sob este processo não ser necessário!
Se pensarem bem, a quantidade de vantagens e facilitação de todos os processos é de tal ordem grande que um projecto desta natureza deveria já estar pronto há muito tempo!

5 Comments:

At 03 maio, 2006 15:03, Blogger CARMO said...

Uma vergonha... às vezes a inteligência não dá para mais... Apresenta caixa e quiseres eu faço de testemunha.

 
At 03 maio, 2006 15:37, Blogger MTOCAS said...

Bem em primeiro Lugar espero que o Filhote já esteja melhor.
Quanto ao Post, efectivamente é uma vergonha este tipo de atendimento e desconfiança, principalmente quando eles farmaceuticos sabem de antemão o que se usar numa situação dessas o que leva ainda mais a credibilizar o pedido... este fim de semana tb passei por 2 farmacias em alcacer do sal e nem te digo como fui atendida e que a farmacia de serviço estava de porta fechada tb pois eram 2h e o sol era muito e o Sr. que tava a atender resolveu tirar uma sesta ... atendeu -nos como se fossemos roubar e ainda por cima básico....
enfim, é o que encontramos neste país...

 
At 18 agosto, 2006 07:19, Anonymous Anónimo said...

I like it! Keep up the good work. Thanks for sharing this wonderful site with us.
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At 08 setembro, 2009 19:33, Blogger Unknown said...

Entendo a sua posição, mas como saber se a pessoa que esta a comprar o medicamento utilizará de forma correta? O pequeno estava doente havia três dias. Quem é o culpado por não ter prestado assistência anteriormente? O medico que não pode receitar o medicamento de forma usual? O farmacêutico que precisa de um documento que prove que o indivíduo passou por avaliação médica? Ou o pai que negligenciou assistência logo que o filho apresentou sinais de doença? Temos que pensar realmente qual a nossa participação em todos os processos. Eu não aviaria um medicamento que necessitasse de retenção de receita sem o referido documento. Melhoras pro seu filho.

 
At 08 setembro, 2009 22:08, Blogger Filipe Carmo said...

Respondendo à Gelma:
Não é de competência da farmácia nesses casos...
Se bem que há medicamentos que devem ser de venda totalmente proibida sem autorização médica, um anti-biótico, especialmente nestes casos, é de única responsabilidade de quem o compra, nem que assine um termo de responsabilidade.
Porque todas as questões colocadas aqui são falsas... Vejamos:
- utilização de forma correcta? A farmácia vem a minha casa verificar? Não tem nunca meios de o fazer.
- assistencia anterior? O médico não passa anti-bióticos antes de 3 dias de fébre, regra usual
- Se for uma emergência ou agravamento de situação, o médico espera muitas vezes o contacto por telefone do utente... Para que não se desloque novamente à consulta.
- negligenciou? Nunca teve filhos pois não? se os teve deveria saber que os mesmo sintomas, umas vezes passam outras não, evoluindo de formas diferentes. Não me fale em negligencia... Além de que mesmo que fosse o caso, espera-se dos médicos e farmácias que ajudem a resolver a situação e não punir a criança que está com dores.
- No dia que assistir a uma criança que começa com uma optite dolorosa, desacta aos berros e não dorme a noite toda, cheio de dores... e se for seu filho... garanto-lhe que vende qualquer medicamento para o ajudar na hora! Aliás... porque a farmácia tem essa autonomia...
E Responsabilidades? Essas são dos pais... SEMPRE!
Por fim... o documento escrito vem para alertar uma situação que está mal no presente... receitas electrónicas, modos de comunicação entre médico e farmácias... o que seja... a situação actual é que é impensável!
E não me venha com o discurso do "levasse-o a um hospital"... Para quê? Para vir de lá com mais uns quantos virus e outros problemas e aguardar horas a fim para ser atendido?
...Não me gozem...

Se vir a data deste texto, vê que o mesmo é antigo... A criança está bem de saúde e acabou por dormir bem aquela noite, graças à boa vontade de outra farmácia, que me resolveu o problema e me explicou que a farmácia tem de vender o medicamento nestes casos (e neste tipo de medicamento), ao contrário do que diz!

 

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