terça-feira, novembro 15

Pirataria Musical


Diz-se que menos de 5% de toda a música que se ouve é proveniente de albuns originais!

Tendo a pirataria musical crescido com toda a facilidade que a Internet nos dá, será que ainda ninguem se questionou o porquê deste assunto? Qual a origem e possibilidade de soluções?

Parece que não. Todos os interessados limitam-se a queixar-se da Internet, sem apontar soluções e apenas pedindo às autoridades que actuem drásticamente. Culpa-se a Internet pelo enorme crescimento da pirataria musical e fecha-se os olhos à realidade envolvente da mudança dos tempos.

Mas, vamos recuar uns anos. Sem Internet a pirataria também existia!
Havia imensa facilidade em fazer cópias com as cassetes. No entanto, o vinil continuava a vender-se bem.

A culpa não é da Internet! A Internet só veio dar o meio à necessidade que já existia!

Nesses tempos, viviamos numa realidade diferente...
Em primeiro lugar, tinhamos variedade musical, coisa que hoje em dia é escassa!
As pessoas ouviam os programas de rádio que continuamente tentavam ser os pioneiros em passar nova música! Importavam-se albuns do Reino Unido, França e EUA, e passava-se música nova. A corrida às lojas por essas importações que se tornavam autênticos êxitos era significativa.

Depois, o comprador obtinha no vinil sempre 'algo' sobre a banda, as letras, e sobretudo a qualidade do som de um vinil novo! Tudo isto era importante!

Hoje em dia, temos a massificação da música POP... sempre a mesma música... igual em quase todas as suas vertentes que as rádios divulgam. Como já foi publicado em post anterior, as play-lists vieram trazer a repetição das mesmas músicas e do que "alguém" quer que se ouça!
As editoras continuam em apostar em bandazinhas, que lançam um êxito (single) sendo o resto do album uma decepção, ou num género musical totalmente diferente do single que passa na rádio. Ora, como é obvio, ninguém compra um album por causa de uma música!

Para os apreciadores, o CD não traz grande qualidade de som, e sendo esta sempre pior do que a do antigo vinil. Basta dizer que o CD funciona por amostragens de som. Não é um som continuo mas parece... Se a memória não me falha, acho que falamos em 4096 amostras de som por segundo...
Parece um som continuo mas não é! A adicionar os filtros técnicos (codecs) necessários para gravar o som real em formato CD, há uma perda significativa de qualidade de som, especialmente quando o comparamos com o velho vinil!

Por fim... o que é que se ganha em comprar um original nos dias de hoje?
Nada. As editoras não colocam "documentação adicional", como por exemplo, textos escritos pela banda adicionais, conjuntos de fotografias, qualquer coisa extra (usem a imaginação) que ajude a valer a pena comprar o album!

Ainda como factor adicional...

Continua a não haver soluções para que se possa ouvir música sem a comprar primeiro!
Uma solução que seja prática!
Daí, como as pessoas não têm tempo para passar horas enfiadas numa discoteca para ouvir música nova, procuram outras soluções.

De facto, a Ineternet é o melhor meio de se ouvir um album antes de o comprar.
A Internet é o melhor meio para se ouvir um album que não se conhece.

Mas é ilegal!?!?!?! Pois é... mas está à mão, é fácil, é rápido e usualmente é de qualidade razoavel!
E depois de ouvir, compra-se?

Eventualmente sim, ou talvez não... tudo depende!

Depende das pessoas em questão! Para alguns é tudo uma questão de poupar dinheiro, independetemente da qualidade do "download".

Depende da qualidade do album... se for um bom album, porque não comprar? Conheço que use esta regra muito a sério. Gosta = Compra!!!

Esta "pirataria" pode ser muitas vezes até favorável à banda!
Como a distribuição da música é mais fácil, passa a ser possível a angariação de novos fans de forma acelarada!

Porém, para quem anda atráz de música nova, os conhecidos MP3 não contêm caras bonitas a abanarem o rabo, ou com "danças giras"! O que vais sempre contar aqui é mesmo a qualidade sonóra dos músicos!
Já era altura também das editoras lutarem por colocar no mercado novas formas de arquivo audio, como por exemplo apostarem no SACD(Super Audio CD). Isso poderia resultar num aumento de vendas, visto até não haver meios disponiveis para se proceder à sua cópia. O aumento da qualidade de som era um factor favorável.
Mas essêncialmente, enquanto não houver uma mudança de mentalidade, no tipo de artistas em que se aposta, esta música de consumo rápido leva ao rápido "Download->Delete" sem qualquer margem de lucro para ninguém!
Basta referir que nos dias de hoje, poucas são as bandas capazes de encher um estádio!
U2 e Rolling Stones são exemplos já raros de bandas que o conseguem fazer!
Em conclusão:
As editoras estão a pagar o preço do facilitismo e da recurrência à música fácil que lhes é de custo baixo!

1 Comments:

At 16 novembro, 2005 08:54, Blogger CARMO said...

Mais um brilhante post deste blog. Não poderia estar mais de acordo com o que foi escrito.
Lembro-vos o caso do anterior album do David Fonseca: mais que um cd, era um album de fotografias deslumbrante e comemorativo dos seus 30 anos. De facto, perante aquela "embalagem" ninguém fica satisfeito com um download anónimo...

 

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