segunda-feira, abril 24

E as Rádios?


"O que tem feito a sua rádio por si?"

Estava a ouvir a Prova Oral na Antena 3, quando alguém (convidado) colocou esta questão.



As rádios continuamente repetem frases como "uma rádio feita a seu gosto", "a melhor música" ou mesmo "A sua rádio"

Mas afinal, a rádio é pensada para quem? Para que público?

Com toda a certeza, a selecção musical não é "de", nem "para" quem faz rádio . Esses usualmente, mais do que todos, estão fartos de ouvir a mesma música que a playlist lhes impõe dia após dia.
O gozo de fazer rádio, de criar o seu estilo, fazer a sua selecção, só acontece nos programas de autor. Estes são poucos e só existem fora-de-horas, diga-se pós 20:00.

Será feita então para que público?
Presumo que será feita para dois tipos de público.
- Aquele que ouve muito pouco rádio e/ou música (logo, qualquer coisa serve)
- Aquele público que gosta continuamente de ouvir a mesma música.

A meu ver, as ditas "playlists" são apenas um instrumento ao serviço das editoras/distribuidoras.
Praticamente todas as rádios usam estas ditas playlists. "Presumivelmente" isto deve funcionar como forma de patrocínio sigiloso. Em troca, as rádios são obrigadas a tocar o que as editoras querem.
Infelizmente, há uma percentagem de pessoas, ou que ouve pouco música, e então para essas, qualquer coisa serve, e há aqueles que vão na onda do que "está a dar"
Assim, a ideia de que "tal música está no Top", a ideia que "toda a gente gosta disto", incrementa as vendas deste produto.
Ao mesmo tempo, como já referido, os Tops não existem. Baseiam-se simplesmente no número de cópias produzidas.

Isto é uma realidade, é uma forma de markting, que funciona também com qualquer detergente lava-loiça ou marca de carros.

Usando esta ferramenta psicológica simples, consegue-se vender o produto que a editora quer, de preferência que seja de baixo custo (novos artistas ou pouco exigentes), ou então simplesmente porque há excesso de stock.

Por vezes este processo falha redondamente. Relembro que grande parte das Girls-Bands que por aí andaram, em elevadas posições dos Tops nacionais, resultaram num autêntico prejuízo, tendo sido o número de cópias vendidas de tal modo baixo.

As editoras que promovem a música, em muitos casos, tentam vende-la através também de outros mecanismos extra que não a sua qualidade.
Reparem que grande parte dos ditos "artistas" têm de ser bonitos/as, magrinhos/as ou musculados, têm de ter coreografias "giras" fáceis para qualquer um imitar, dançarinas de mini-saia ou vestidos decotados e justos, posar de forma sexy, etc etc etc...

E a música em si?
Foi deixada para segundo plano. Não interessa, não conta!

E quanto aos amantes da música? Os que procuram música diferente e diversificada? Onde está a nossa rádio? A rádio feita para nós?

Se alguém conhecer diga-me.

Praticamente todas as rádios nacionais, passam de modo geral, música POP. Só POP!
Depois temos algumas variações... um pouco puxado ao rock, um pouco puxado aos anos 80, o pop puro... mas não passa disso!

Será que alguém acredita de facto que cá em Portugal é o único género musical que se ouve?

No panorama nacional, temos muito poucas excepções. E usualmente referem-se a programas 'fora-de-horas'.
Mas falaremos destas excepções num próximo post (deixem sugestões de rádios e programas, já agora).

Só para terminar, continuo a dizer, que as rádios, que deveriam ser o principal veículo de divulgação músical, não o são de momento.
Resulta disto que o incentivo aos ilegais downloads de mp3 sejam uma constante... pelo menos nesta óptica da procura de música nova.

E se houver, por exemplo, 20 000 downloads de mp3 por semana (número muito inferior á realidade)... e, vamos supor, que 10% são de música alternativa ao POP (supondo que 90% dos utilizadores só gostam do tal POP)... vejam só... afinal há um mercado para uma música diferente.

terça-feira, abril 18

Pirataria - Continuação...


De regresso de férias, é altura de dar continuação aos dois últimos posts, desta vez, com texto meu sobre este assunto.





Como se costuma dizer "nem tanto ao mar, nem tanto à terra". Não podemos defender a pirataria com os argumentos que se colocam no texto anterior... nem se pode ser tão ignorante como se mostra o senhor da indústria fonográfica quando se fala em tema tão complexo.

A pirataria de forma geral é uma coisa má! Seja de música, filmes ou software.
Basta colocarmo-nos do outro lado, do lado de quem os produz. Sendo actividades profissionais, sobre as quais advém o sustento de muitas famílias, não podemos concordar com a pirataria.
Mais ainda, pensem nos direitos de autor, de quem muito trabalhou e criou "os mesmos", e a frustração de ver o seu "produto" distribuído ilegalmente e muitas vezes a gerar dinheiro a autênticas máfias... é revoltante.

Está aos olhos de todos, nas ruas, nas feiras, cópias, muitas vezes de péssima qualidade.

No entanto, quer-se culpar a Internet como principal culpada desta especialmente na área da música, que é um dos temas da actualidade.

Ora, as editoras são umas das principais culpadas da pirataria.
A selecção que é feita sobre quem é famoso ou não, obrigando as playlists das principais rádios a passar repetidamente a mesma música cada dia, tentando a maximização 'imediata' dos lucros, utilizando de preferência artistas de custos baixos.

Sabemos que as editoras não pretendem ser a "Santa Casa da Misericórdia", nem propriamente são entidades estatais com vista á divulgação de "arte". No entanto, a excessiva maximização do lucro imediato, em qualquer sector, acaba por trazer problemas associados no futuro.

Quero dizer com isto, a aposta repetida nos mesmos artistas, a infestação das rádios com a mesma música sem apostas na inovação, acaba por saturar, pelo menos parcialmente, o mercado.
Mesmo muitas lojas de venda de CDs, estão associadas a este jogo, tendo pouco em stock para além do que passa nos TOPs nacionais.

A divulgação da nova música torna-se também difícil, visto na maioria dos casos, não temos tempo ou paciência para ir para dentro de uma FNAC (passo a publicidade) durante horas a fio, para ouvir tudo o que não conhecemos. Não foram criadas soluções para este fim.

Já desde há muitos anos, amigos juntam-se e faziam cópias de músicas e álbuns em cassete, para ouvir o que não conheciam.
Falamos em tempos, que se importavam álbuns que não se arranjavam por cá, e a pirataria fazia-se igualmente. A procura por música nova e diferente do que os nossos TOPs impingiam já advém assim de há muitos anos.

Relembro que os TOPs nacionais são calculados sobre o número de álbuns produzidos e não sobre o número de encomendas ou vendas. Daí, é facilmente manipulado.

Resumindo um pouco o que pretendo dizer, uma das principais causas da pirataria na música é de principal responsabilidade da forma como as editoras actuam e da lacuna na produção e divulgação de nova música. As rádios que antigamente tinham um papel importante neste sector, são actualmente controladas pelas editoras tendo agora um papel insignificante neste sentido.

Mas o mundo evoluiu, a Internet surgiu.

A Internet, neste sentido, constitui uma importantíssima forma de divulgação de nova música que não está a ser correctamente utilizada nem pelas editoras nem pelos próprios utilizadores.

Mas então porque se fazem tantos downloads ilegais?

- Porque é fácil?
- Porque é gratuito, face aos preços elevados dos CDs cá em Portugal, visto até o IVA associado aos mesmos?

Se bem que estas afirmações são verdadeiras também, então porque é que nas feiras se continua a vender CDs ilegais?
Afinal as pessoas estão a comprar CDs ilegais na feira, quando podiam obte-los através de um download?

Não há respostas simples para o efeito.

Se bem que há quem faça downloads apenas porque não querem gastar dinheiro a comprar os mesmos, cada vez conheço mais casos de pessoas que fazem downloads apenas para conhecer os álbuns.
Quem nunca comprou um álbum, e chegando a casa ouvindo-o, chegou à conclusão que foi um desperdício de dinheiro?
Pois é... a mim aconteceu-me algumas vezes!

A rádio passa aquela música que consideramos especial de determinado álbum, sendo as restantes músicas uma verdadeira decepção. Isto é o markting a funcionar.
E se o mesmo artista aparece no ano seguinte com novo álbum e "nova música especial" a passar na rádio? Vão voltar a comprar o álbum? Obviamente que não.
Vão ter o cuidado de o ouvir.... mas como?

Para se ouvir um álbum, não vamos passar 5 ou 10 segundos de cada música. Logo, um supermercado ou mesmo uma loja de música, não vão ser os locais ideais para ver se gostamos ou não deste produto.

Actualmente, o download parece a todos a solução mais fácil e mais cómoda.

O ponto positivo disto tudo, é que se gostamos, somos imediatamente excelentes divulgadores do mesmo. Através de um e-mail com um link que enviamos até num e-mail, ou através de uma pen ou CD, dizemos aos nossos amigos para ouvirem o mesmo.
Mais importante, aqui apenas o trabalho do artista conta... não há fotos bonitas/sexys do cantor ou cantora, coreografias ou danças que vá iludir ou distrair quem ouve a música. Apenas o trabalho final conta. O som!

Mas no meio desta confusão toda e de um mercado variado e desregulado, que soluções podem ser tomadas?

A penalização processual, como referido no texto da Indústria Fonográfica, é a meu ver, irreal, estúpida, impraticável e demonstra a falta de visão de quem gere a actividade.
Além porque tecnicamente o que este senhor deseja, é extremamente difícil de ser conseguido. Posso-vos garantir que ás vezes, nem em situações graves de ataques de hackers a bancos, se consegue detectar a origem ou agressor. Isto, porque os tais endereços (IP address) que todos utilizamos quando acedemos à net, podem ser manipulados, ou até mais fácil, utilizar-mos proxys internacionais que nos garantam o anonimato.

Neste momento, eu acho que poderíamos atacar o mercado em algumas áreas fundamentais.

A primeira grande área seria compensar os compradores:
- A adição de material de bónus na compra de cada CD, como letras, fotos, entrevistas, história(s) da banda... etc... usem a vossa imaginação.
- Como sabemos a vida do CD não é eterna. Deteora-se com o tempo, existe a possibilidade de acidentes, ou até oxidação do CD tornando-o com ruídos.
Deveria-se apostar então na garantia da imediata substituição gratuita do CD para estas eventualidades... pelo menos até uns 10 anos pós produção do mesmo. Não é difícil, até porque na grande maioria há sempre stocks.
- Sabemos também que a qualidade de som do CD está ainda longe do antigo Vinil. A aposta em novas tecnologias como a do SACD (Super Audio CD) é fundamental para cativar quem tem bons equipamentos.
- Usar a imaginação neste sentido... outras ideias ajudariam.

A segunda, passa por melhorar a utilização da Internet neste sentido.
Se bem que nunca será possível parar os downloads ilegais, visto que haverá sempre quem o faça ou tente fazer apenas pelo gozo do mesmo ou por questões financeiras, outras medidas podem ser tomadas para que se contribua para a divulgação de música de uma forma legal.

A minha ideia nesta área seria criar sites de divulgação de música. A transmissão da mesma a 128kbps garante uma qualidade muito razoável para quem a ouve num computador, relativamente fraca para quem a ouve em qualquer áudio Hi-Fi. Nestes sites os utilizadores poderiam ouvir álbuns, ser-lhe sugerida música de outros autores dentro do mesmo género, indicação para compra on-line ou lojas que tenham os álbuns disponíveis, e todo o restante markting que entretanto se lembrarem.
Reparem nas vantagens... em vez de ir-mos a um site, ou à utilização de um software Peer-to-Peer como o Kazaa ou E-Mule ou E-Donkey:
- Garantimos o download que queremos. Muitas vezes o nome do ficheiro (zip ou rar) não corresponde ao que queremos. Pode conter vírus, conteúdos de adultos não desejados ou publicidade... isto é frequente acontecer.
- A qualidade do que estamos a fazer download não é assegurada. Muitas vezes a música é "ripada" a taxas tão baixas ou sob determinados métodos (como a gravação através de microfone em concertos) que a qualidade resultante é péssima.
- Alguns dos softwares Peer-to-Peer têm falhas de segurança, que permite a hackers aceder a todo o conteúdo do nosso computador, como já aconteceu anteriormente.
- Evitaríamos downloads enormes e extremamente demorados, para depois chegarmos à conclusão que não gostamos ou não era aquilo que procurávamos.
- Uma base de dados bem organizada, levaria à audição de nova música dentro de género de cada um, nacional e internacional, incentivando à aquisição dos mesmos álbuns que não se ouvem nas rádios.
Aliás temos um caso já semelhante a este proposto. Ainda com algumas limitações, mas vale a pena a visita - vejam o post sobre o "Pandora".
- Conseguiria-se ter uma melhor ideia de facto do que se ouve em Portugal, um TOP um pouco mais real.
- As editoras ou proprietárias destes sites obteriam ainda receitas extraordinárias sob forma de publicidade.

Para os mais cépticos, lembrem-se apenas que o mundo está sempre em mudança e as actuais regras não são aplicáveis para o futuro.
Os downloads ilegais vão continuar.
As soluções passam por cativar os utilizadores para outras utilizações da Internet que lhes tragam vantagens.

Lembre-se que se bem que a pirataria é por definição má, especialmente quando associada à comercialização ilegal (de feiras e ruas), por outro lado, esta é a principal responsável pela grande parte da divulgação de música e software pelo mundo inteiro.

Por exemplo, os conhecidos softwares Windows e Office da Microsoft.
Quando surgiu o Windows 3 e 3.1, qualquer um tinha em suas casas uma cópia ilegal do mesmo, às vezes até fornecido pela casa onde se adquiriu o computador.
No entanto, a fiscalização de software ilegal nas empresas foi sempre mais apertada.
Isto resultou que os administradores e responsáveis pelas empresas, que tinham em suas casas uma plataforma fácil de usar, e nas empresas um ambiente UNIX complicado e pouco prático (não gráfico e sem mouse), começaram a insistir com os responsáveis pela informática no porquê é que não se colocava Windows também no local trabalho.
A formação aos utilizadores era bastante mais fácil, o trabalho bastante mais produtivo, e as manutenções mais baratas.
Da Pirataria do Windows, resultou a propagação do mesmo para quase todas as empresas, mesmo a nível mundial, tornando a Microsoft na empresa que é hoje.

Já agora e por curiosidade, neste momento atravessamos outra fase semelhante a esta.
O conhecido Apple, vai passar a ser vendido em plataformas Intel, logo compatível com os nossos PCs.
No entanto a Apple vai colocar nas Boards um chip, para que o sistema operativo da Apple só possa ser instalado nos seus computadores.
Esta é, pelo menos, a versão oficial.
A meu ver, como estratégia, acho que esta "pirataria" deveria ser um pouco facilitada.
Reparem... se alguém arranjar maneira deste sistema operativo poder ser instalado num PC convencional, muita gente o vai querer experimentar, mais não seja pela curiosidade de quem nunca o viu.
E se de facto o produto é bom? E se gostam? Será que não há a possibilidade de esta divulgação se tornar a médio e longo prazo proveitosa para a Apple?
Uma coisa é certa, a curto prazo, quem nunca experimentou um Apple, na sua maioria, vai continuar sem experimentar se as coisas se mantiverem...


Comentem.... isto tudo....

terça-feira, abril 11

Continuação do Post Anterior

Ainda, e também proveniente da autora do blog Calimero Mix, recebi mais um e-mail a dar seguimento ao post anterior.

Este é um texto que se encontra presente em: http://clientes.netvisao.pt/pintosaa/Manifesto.htm

"Quem já não ouviu isto nas noticias? As multas poderão ir até aos 5000 euros, quem for "apanhado" a roubar músicas da Internet...

Pois bem, é altura de acalmar o pânico de milhares de pessoas e de pais preocupados com o que os filhos fazem no computador.

1º - Os chamados "processos" vão ser criados pela SPA (Sociedade Portuguesa de Autores) e/ou pela IFPI (Federação Internacional da Indústria Fonográfica). Neste ponto, há uma coisa que deve ser clara: nenhuma destas instituições tem autoridade para passar multas a quem quer que seja. O objectivo (imoral) é assustar os utilizadores de Internet e levá-los a pagar uma indemnização até 5000 euros, ou será levado a tribunal. Isto pode ser visto como chantagem, uma vez que ou pagamos, ou levamos com um processo. Estas empresas que vão enviar as tais cartas, não estão a agir através de um processo judicial (pois seria muito dispendioso processar individualmente milhares de pessoas) mas sim através de um processo civil. Que relevância jurídica tem isto? Nenhuma! Simplesmente ameaçam as pessoas e metem medo. Se alguma pagar, melhor. Se ninguém pagar, encolhem os ombros e passam ao próximo. De facto há leis em Portugal, mas não são estas empresas que as escrevem.

2º - Onde está essa informação, e quem decide que valor é que se vai pagar? Em Portugal só há uma maneira de obrigar as pessoas a pagar multas ou indemnizações: o tribunal! Como o Bill Gates disse: "O nosso computador é tão confidencial como a nossa conta bancária". Sem processo em tribunal, ninguém (nem mesmo estas entidades) podem acusar, vigiar, espiar, exigir, passar multas, pedir indemnização, ter acesso ao vosso computador, ou "consultar" que downloads fazem.

3º - Para os menos entendidos, quem tem ligação à Internet, liga-se através de um IP (ex. 255.255.255.255) e mais nenhuma informação é transmitida (e atenção a isto).
Quem mantém o registo a quem pertence cada IP ligado, é apenas a empresa de Internet a quem contraram o serviço (ex. Netcabo, Cabovisão, Sapo, Clix, etc.). Neste caso, só com um processo judicial é que a vossa informação confidencial é disponibilizada. Ou seja: receberam uma carta a pedir uma indemnização. Muito bem, há processo judicial a decorrer em tribunal? Não? Então a carta não vale nada. E se quiserem ir mais além, contactem o vosso fornecedor de Internet e perguntem como é que a determinada instituição obteve os vossos dados, sem autorização do tribunal. E se ainda quiserem ir mais além, iniciem um processo contra o vosso fornecedor de Internet, ou contra a instituição que vos "ameaçou".

4º - Quem faz download de qualquer tipo de ficheiros da Internet (seja musica, filmes, fotografias) é apelidado de "pirata informático" pela comunicação social. Mas há uma grande diferença entre fazer download e desfrutar desse mesmo download no conforto da vossa casa, e de fazer download de filmes e música e ir vender para a feira da ladra, ou qualquer outro local. Quem lucra com estes negócios de downloads para vender posteriormente, é que deve ser apelidado de pirata informático. Ou será que quando se gravava as telenovelas e os filmes da televisão em cassetes, também era chamado de pirata da televisão? É exactamente a mesma coisa. Em vez de copiarem da televisão, copiam da Internet.

5º - Neste momento, em Portugal não há nenhuma lei relativamente à pirataria informática (pelo menos explícita) e em que base se suporta, ou que diferenças existem entre consumo próprio ou para venda. Da mesma maneira que não há qualquer precedente de tal situação. Todos aqueles anúncios no cinema, nunca deram em nada nem nunca ninguém foi preso. Eram só campanhas!

6º - Se estivessem a infringir alguma lei, acham que seriam enviadas cartas para pararem com os downloads e a serem convidados a pagarem de livre vontade? Também ninguém manda cartas a um ladrão para parar de roubar no metro e entregar-se na esquadra mais próxima, ou a um assassino para parar de matar os vizinhos com a caçadeira, e para se dedicar à agricultura. É absurdo! Se neste país nem uma pessoa que viola crianças vai presa, quanto mais nós que nos recusamos a pagar multas! Tirar músicas da Internet dá multa até 5000 euros. E andar a 120km/h dentro de uma localidade dá 500 euros? Passar um sinal vermelho menos que isso? Desencadear um acidente em cadeia na auto-estrada porque se bebeu demais fica-se sem carta? Acham justo? Tirar músicas da Internet é que é mau para a sociedade, e os perigosos somos nós, não?

7º - Recentemente em França foi aberto um processo pelas indústrias e editoras similar a este, e até foi feita uma petição em tribunal para ser criada uma lei que punisse quem fizesse downloads da Internet. No entanto, o Juiz recusou-se alegando que se estaria a violar a divulgação cultural. Temos o direito de experimentar o produto antes de o comprar, ou não?

8º - Quem acham que perde com isto tudo? O terror instala-se, as pessoas começam a parar de fazer downloads, e a Internet em casa passa a ser usada para ver páginas e ler o e-mail. Quem precisa de grandes velocidade para isso? Ninguém...assim os consumidores começam a cancelar a Internet, ou a passar para uma mais barata. E quem sofre? O fornecedor de Internet.

9º - Há vários cantores e grupos de música nacionais que culpam a "pirataria" das baixas vendas que os seus álbuns conseguem no mercado. Esta é a lista de vários artistas que lutam contra a pirataria:

Ágata, Agrupamento Musical Diapasão, Aldina, Alfredo Vieira de Sousa, Ana Moura, António Cunha (Uguru), António Manuel Ribeiro, António Manuel Guimarães (Magic Music), Banda Lusa, Blasted Mechanism, Blind Zero, Bonga, Boss AC, Camané, CantaBahia, Carlos do Carmo, Carlos Maria Trindade, Carlos Tê, Clã, Cristina Branco, Da Weasel, Danae, David Fonseca, Dealema, Delfins, DJ Vibe, Dulce Pontes, Emanuel, Expensive Soul, Fernando Rocha, Filipa Pais, Fingertrips, FNAC, GNR, Gutto, Iran Costa, Íris, Jaguar Band, João Afonso, João Gil, João Monge, João Pedro Pais, João Portugal, Jorge Cruz, Jorge Palma, José Mário Branco, Liliana, Lúcia Moniz, Luís Cília, Luís Represas, Luísa Amaro, Mafalda Veiga, Manuel Faria, Manuel Freire, Manuel Paulo, Mão Morta, Marante, Maria João&Mário Laginha, Mário Fernandes, Mariza, Ménito Ramos, Mesa, Miguel&André, Miguel Guedes (em nome individual), Mind da Gap, Místicos, Mónica Sintra, Paula Teixeira, Paulo Ribeiro, Pedro Abrunhosa, Pedro Ayres Magalhães, Pedro Oliveira, Pedro Osório, Quatro Cantos, Quim Barreiros, Quinta do Bill, Rádio Macau, Rita Guerra, Rodrigo Leão, Rosita, Rui Bandeira, Rui Veloso, Santamaria, Sérgio Godinho, Teresa Tapadas, The Gift, Toranja, Toy, Tozé Brito, UHF, Vitorino, Wraygunn, Xutos e Pntapés, X-Wife e Zé Peixoto.

Por favor, e peço-vos que metam a mão na consciência: Quem é a pessoa com com alguma inteligência que se vai a meter a fazer download de músicas da Ágata? Ou da Rosita? Ou do Agrupamento Musical Diapasão? Ou pior, do Iran Costa?

10º - Ora vejamos:

Fim da Pirataria –> Menos Utilizadores da Internet –> Choque Tecnológico por água abaixo –> Portugal país cada vez mais atrasado a nível europeu

Fim da Pirataria –> Menos Utilizadores da Internet –> Menos lucros dos ISP's –> PT apresenta prejuízo -> Portugal país cada vez mais atrasado a nível europeu

Fim da Pirataria –> Aumento dos Processos que se acumulam nos tribunais –> Justiça mais lenta –> Portugal país cada vez mais atrasado a nível europeu

Fim da Pirataria –> As pessoas não vão comprar Cd's só porque a pirataria "acaba" ou diminui podendo mesmo criar uma certa "revolta" contra as editoras e afins –> O povo começa a cagar para os artistas –> Menos lucros para editoras e artistas –> Mundo da música e não só com dificuldades –> Portugal país cada vez mais atrasado a nível europeu

Continuamos...?

11º - Ok, concordo que os direitos de autor têm que ser protegidos. Mas não concordo que um simples CD de música cujo custo de fabrico ronda 1 euro, seja vendido por 15/20 euros, em que apenas cerca de 2 euros vão para os artistas. E ainda têm a lata de chamar piratas a nós?

12º - Concluindo, não se deixem vencer pelo medo. Não digo para olharem para o lado caso recebam essas cartas, mas sim que se informem e que pesquisem as maneiras legais de se fazer o correcto. Informem e mantenham-se informados, pois basta haver um decréscimo dos utilizadores deste tipo para essas empresas pensarem que podem fazer tudo e que podem ganhar.
Eu posso considerar-me culpado, mas sou culpado, não por fazer downloads de musicas e filmes mas pelo facto de fazer parte da classe média que mal tem dinheiro para pagar a renda de casa, e ainda faz um sacrifício enorme em pagar 60€ pela Internet, mais não sei quantos euros pela tvcabo, mais não sei quantos euros pelo telefone, mais não sei quantos euros pela assinatura mensal do telefone, e de trabalhar de sol a sol. Mas NÃO SOU CULPADO, pelos roubos de ministros, deputados, e administradores de empresas estatais, pelos buracos financeiros que causaram a empresas estatais. NÃO SOU CULPADO, pelo buraco financeiro em que o pais se encontra, e muito menos pelo valor do défice 6,8.

Agora só vos peço para levarem a vossa vida atrás do computador calmamente, não castiguem os vossos filhos por algo que não estão a fazer, e acima de tudo, divulguem toda esta informação, para que essas empresas que vêm do estrangeiro, não pensem que somos uma cambada de saloios e que nos podem meter medo!

PS: Considerem isto uma opinião pessoal..
"
Temos aqui já muito para dizer... deixem os vossos comentários para já!
Apesar de estar em momento de férias, pelo menos para a semana prometo voltar a escrever um novo texto sobre este tema.
A culpabilização da Internet sobre a questão da Pirataria, deriva da pior forma de cegueira... o não querer ver.
Mas, para já, deixem as vossas opiniões e de novo colocarei novo texto sobre o tema.

sexta-feira, abril 7

Indústria Fonográfica quer Processar toda a População Portuguesa!




Recebi um e-mail esta semana com a seguinte notícia:






Desrespeito dos direitos de autor
Indústria fonográfica processa portugueses que roubam músicas na Internet
02.04.2006 - Paulo Anunciação (PÚBLICO)



Nas próximas semanas, os portugueses que tenham carregado ou descarregado ilegalmente músicas na internet irão receber uma carta a convidá-los a pagar uma indemnização por desrespeito dos direitos de autor ou, em alternativa, enfrentar um processo judicial.

John Kennedy, o presidente e administrador executivo da IFPI, a federação que representa a indústria fonográfica em todo o mundo, lança, depois de amanhã, em Lisboa, mais uma vaga de processos judiciais contra as pessoas que partilham ficheiros musicais, de forma ilegal, na internet.

Esta é a primeira vez que Portugal é incluído neste programa de combate à pirataria digital de músicas.

PÚBLICA: Depois de várias iniciativas contra a pirataria digital noutros países, a IFPI [Federação Internacional da Indústria Fonográfica] vai atacar, agora, o problema português. A situação, em Portugal, preocupa-o?
John Kennedy: Quando eu era presidente da Universal Music, Portugal era um dos países que estava sob a minha responsabilidade. A pirataria, nessa altura, já era um problema que nos impossibilitava, por exemplo, de fazer grandes investimentos na música local. As coisas pioraram muito nos últimos anos. A partilha ilegal de ficheiros musicais na internet continua a aumentar em Portugal. A indústria da música sofre terrivelmente. Por isso decidimos abordar o problema de outra forma e desencadear acções mais drásticas.

A situação em Portugal é mais grave do que em outros países da União Europeia?
O [país] pior era a Alemanha, mas a situação começou a recuperar um pouco. Na Alemanha e no Reino Unido, o número de utilizadores que compra música online de forma legal passou a ser superior ao número de utilizadores que o fazem ilegalmente. As estatísticas, em Portugal, eram semelhantes às da Alemanha. As vendas de CD em Portugal caíram 40 por cento nos últimos cinco anos. Grande parte dessa quebra está relacionada com o facto de um número crescente de pessoas obter música de forma ilegal. Estamos perante uma verdadeira batalha para salvar a música portuguesa.

Porquê?
Cerca de um quarto de toda a música comprada em Portugal é música portuguesa. Os artistas nacionais vendem, sobretudo, a nível nacional. Mas uma grande fatia deste mercado nacional passou a obter as músicas de forma ilegal, pondo em causa a sobrevivência da música independente em Portugal. O problema é muito sério.

Vão processar judicialmente portugueses que fazem “uploads” e “downloads” ilegais de música?
Com certeza. Faz parte do plano.

O sistema judicial português é lento e pouco eficaz. Isso não o preocupa?
Temos aprendido imenso sobre sistemas legais no mundo inteiro. Alguns são bons, outros custam muito dinheiro, são morosos ou ineficazes. Temos que lidar com o sistema legal de cada país. O que importa é que as pessoas entendam, depressa, que passaram a estar na linha de fogo e que mesmo que a via judicial demore muito tempo, isso não faz mal. O mais importante é passar esta mensagem para o público em geral – a de que é inaceitável roubar música e que algo pode acontecer.

Em quantos países desencadearam acções judiciais contra essas pessoas que partilham ficheiros musicais ilegais?
Em 18 países. Portugal é um dos países da quinta vaga de acções desencadeadas pela IFPI. No mundo inteiro, iniciámos processos judiciais contra 25 mil pessoas (incluindo 5500 na Europa). Cerca de mil chegaram a acordo sem ir a julgamento, aceitando pagar indemnizações que rondam os 2500 a três mil euros.

Quantos portugueses vão ser processados?
Ainda estamos a estudar o assunto com os nossos colegas da indústria em Portugal. Na terça-feira poderei dar, talvez, números em concreto.

A vossa experiência, em outros países, tem demonstrado que estes procedimentos resultaram?
Sim. Não tem sido fácil. Mas notamos, sobretudo, uma mudança de atitudes. As pessoas que vão “on-line” para consumir música pela primeira vez passaram a fazê-lo legalmente. Tem sido mais difícil convencer aqueles já habituados a descarregar música sem pagar. Por isso estes procedimentos são necessários. Eles cumprem três funções: educar, dar a conhecer, prevenir.

A pirataria digital através da partilha ilegal de ficheiros musicais na internet parece estar generalizada entre a juventude portuguesa. Como é que vai convencer um jovem a pagar 90 ou 99 cêntimos por uma música se ela está disponível à borla – ilegalmente, é certo – na internet?
Não é fácil, de facto, mudar algo que está tão amplamente generalizado. Começámos, por isso, por educar as pessoas. Lançámos várias campanhas de informação pública, incluindo uma no mês passado com 150 mil panfletos que visam informar, sobretudo, os pais e encarregados de educação. Sondagens que fizemos em Portugal, há dois ou três anos, indicavam que as pessoas tinham pouca ou nenhuma noção de que esses “uploads” e “downloads” eram ilegais. Agora, cerca de 70 por cento dos utilizadores sabe que essa actividade é ilegal. Os processos judiciais funcionarão como uma forma de desencorajamento. A nossa experiência no mundo inteiro tem-no demonstrado. As pessoas passaram a ter a noção de que estão na linha de fogo e que se arriscam a pagar multas que poderão atingir os cinco mil euros. Isto é muito dinheiro – dinheiro esbanjado que elas poderiam muito bem utilizar nas férias, em carros, na educação ou numa cozinha nova.

Não o preocupa o facto de que muitos dos infractores são jovens adolescentes ou mesmo crianças? Avançam, mesmo assim, para os tribunais?
Estes processos não caem do céu sem mais nem menos. Fizemos conferências de imprensa, campanhas de informação pública, artigos nos jornais. Avisámos toda a gente que estamos a fazer isto e convidámos os infractores a parar. Quem insiste em fazer “uploads” ou “downloads” ilegais de música – mesmo depois de todos estes avisos – no fundo está a dizer: ‘Não quero saber, estou-me nas tintas, venham prender-me se quiserem.’ Estes infractores estão a roubar os artistas – que deixam de ter a possibilidade de viver do seu trabalho – e têm de pagar as consequências. A música é propriedade intelectual, protegida pelo direito de autor, criada por uma comunidade ampla de criadores que envolve compositores, produtores, artistas, músicos de estúdio, etc. Eles estão a proporcionar um bem cultural e de entretenimento e não podem fazê-lo de graça. Na minha opinião, quem rouba música não pode ser um verdadeiro amante da música. Quem faz “downloads” ou quem partilha fi - cheiros musicais e os coloca ilegalmente à disposição de outros (“uploads”) – além de se arriscar a apanhar com multas pesadas – está a prejudicar todos aqueles que trabalham na criação, desenvolvimento e gravação de música, gente que depende inteiramente da música para sobreviver.

Acha que esse preço de 90 ou 99 cêntimos por uma música disponível de forma legal na internet é um preço justo?
Estamos habituados a essas discussões. A questão do preço é uma desculpa esfarrapada, utilizada frequentemente pelos infractores que roubam música. As pessoas devem olhar para esses 99 cêntimos e pensar no que podem comprar com esse montante. Um café? Uma lata de Coca-Cola? Um bilhete de autocarro? Este preço é muito, muito baixo para uma obra de arte que se pode guardar para sempre, que se pode voltar a ouvir daqui a dez anos e dar-nos sempre imenso prazer e entretenimento. A música tem um valor incrível, atendendo ao preço que se paga. Ninguém pode argumentar legitimamente que 99 cêntimos é um preço alto.

E quanto ao preço dos CD?
O CD dura uma vida inteira e é uma fonte constante de entretenimento. Os CDs são muito mais utilizados do que outras coisas que custam mais dinheiro e são rapidamente postas de lado. O preço de um CD em Portugal é muito inferior ao preço de um concerto ou de uma peça no teatro.

Através da venda de música por métodos de distribuição digital (online, telemóvel), a indústria poupa nas despesas de criação física de um CD, de embalagem, distribuição. Será que essa poupança não deveria reflectir-se na redução dos preços das músicas online?
Acho que o preço está certo e é justo – comprar uma música por menos de um euro é um óptimo negócio para qualquer amante da música. Além disso, a maioria dos custos presentes no mundo da música em suporte físico não desaparece. É um erro frequente pensar que os custos de fabrico de um CD se resumem aos custos de produção e embalagem de um disco. A maior parte dos custos suportados pelas editoras são custos ligados à produção e marketing da música propriamente dita – e estes custos são sempre os mesmos, independentemente do suporte em que é distribuída. Os artistas, compositores e todos aqueles que se envolveram na gravação e marketing de uma canção continuam a precisar de ser remunerados.

Qual é a sua opinião sobre conjuntos como os Arctic Monkeys – uma banda que construiu uma carreira de sucesso fora do circuito das editoras e da indústria da música?
Não os considero tão revolucionários como tanta gente parece crer. Os Arctic Monkeys utilizaram a internet de forma muito inteligente. Ofereceram a música deles de graça durante algum tempo, mas isso é uma forma de promoção seguida ocasionalmente pela indústria, há vários anos. Eles tornaram-se populares sem o envolvimento de uma editora. Na altura certa, quando constataram que já tinham uma base alargada de fãs e seguidores da banda, decidiram passar a vendar a sua música. E foi o que fizeram ao assinar contrato com uma editora legítima de música independente – no fundo, porque querem viver da música. Antigamente, antes de gravarem o primeiro disco, as bandas faziam muitos espectáculos e tornavam-se eventualmente populares. Nessa altura apareciam as editoras, assinavam contratos e faziam os discos. Os Arctic Monkeys apostaram num formato que deu certo, mas isso não significa que os artistas deixarão de precisar das editoras.

A indústria da música atravessa dificuldades?
A nossa indústria atravessa um período difícil há vários anos. Mas estamos muito contentes por ver que o negócio da música digital, por exemplo, passou a ser uma parte central e viável da nossa indústria. Estamos a fazer o possível para resolver os problemas. Não nos podemos esquecer que a música é um dos produtos mais consumidos no mundo industrializado. Infelizmente, porém, nem todos pagam para obter esse produto. Esse é o nosso maior desafio.

Está optimista?
As vendas de música digital triplicaram em 2005 e no presente ano vão continuar a crescer de forma impressionante. Estou optimista.


Cá para mim, ou este senhor não faz ideia do que fala, ou simplesmente pretende assustar a comunidade de navegadores.

Já muito falei sobre este assunto da pirataria musical, dowloads de mp3 e divulgação musical, por isso, deixem agora a vossa opinião neste blog.